Acidentes de trabalho: o que temos feito para evitar a morte de trabalhadores?

Estamos escrevendo este texto por volta das 16h30. E você deve estar se perguntando neste momento o porquê iniciamos este post com essa informação, certo? 

Nós te situamos no tempo para poder, infelizmente, afirmar que pelo menos dois trabalhadores já podem ter morrido somente hoje vítimas de acidente de trabalho no Brasil. Isto se levarmos em conta que a sua jornada iniciou às 8h. 

É alarmante: um estudo do Ministério Público do Trabalho (MPT) aponta que aproximadamente a cada quatro horas morre um trabalhador vítima de acidente de trabalho no Brasil. E o que temos feito?

Este é um assunto que viemos discutindo há algumas semanas aqui no SST Online: acidentes de trabalho. Porém, isto é algo que sempre precisamos reiterar: as pessoas estão saindo de casa para trabalhar e acabam morrendo. Este é o fim que queremos ter?

Pedimos perdão pela forma, por vezes, “sensacionalista” que estamos ‘entonando’ neste texto, todavia é somente assim que podemos dar voz àqueles que de uma forma ou de outra, seja por descuido próprio ou por falta de proteção, morreram em chão de muitas fábricas pelo Brasil.

Mais de 14 mil mortos nos últimos cinco anos

Já te mostramos aqui no em nosso blog que foram registradas no Brasil, somente em 2018, 623,8 mil notificações de acidentes de trabalho (CAT).

Deste número, 2.022 trabalhadores morreram. Isto somente em 2018. Se formos levar em consideração os últimos cinco anos, 14.612 pessoas morreram. Um número considerado mais “baixo” porque desde 2013 estes índices começaram a cair. 

É claro que se formos analisar outros acidentes, como os de transporte terrestre, por exemplo, os números são bem maiores. Mas o que precisamos levar em consideração é que, de fato, milhares de pessoas estão saindo de casa para morrer no trabalho e isto não podemos aceitar.

Empregos informais

Os números que computamos são referentes àqueles divulgados pelo Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho. Porém, eles somam apenas aqueles que são formais.

Ou seja, há a probabilidade de que muitos outros brasileiros tenham morrido vítimas de acidentes de trabalho em empregos considerados informais, aqueles que não têm a “carteira assinada”.

Principais causas de acidentes

Entre 2012 e 2018, as atividades econômicas em que mais ocorreram acidentes de trabalho foram atendimento hospitalar (378.297); comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios (142.907); administração pública em geral (119.266); construção de edifícios (104.645); e transporte rodoviário de carga (100.340), respectivamente.

As máquinas e os equipamentos foram os principais agentes causadores de acidentes, provocando 528.473 registros, além de 2.058 mortes acidentárias notificadas e 25.790 amputações ou enucleações, no Brasil. O país perdeu mais de 14 milhões de dias de trabalho nesses sete anos somente por conta de afastamentos por esse motivo.

Em nosso último texto aqui no blog falando sobre esse assunto – e você pode lê-lo clicando aqui –  nós apontamos que, além da vida dos trabalhadores, que é uma perda irreparável, estes acidentes causam prejuízos à economia do país.

Estima-se que no Brasil foram gastos com afastamentos, que não incluem os valores gastos com óbitos, passam de R$ 15,6 bilhões. 

Condições de risco

Certo, te alertamos, mostramos números, causas e gastos com acidentes de trabalho, sejam com afastamentos ou com óbitos. Ok… No entanto, agora, o que podemos fazer?

Nossos trabalhadores trabalham sob condições de risco, muitas vezes sem Equipamentos de Proteção Individual ou Coletiva (EPIs e EPCs), carregando peso que o corpo pode até não suportar e com jornadas de trabalho exaustivas. 

Queríamos poder estar inventando estas informações, porém, você, que é trabalhador ou faz parte da equipe de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) da sua empresa sabe, melhor do que ninguém, que estamos falando a verdade. 

Infelizmente, muitos empregadores pensam que é mais barato pagar um processo na Justiça do que investir em medidas protetivas para evitar que estes números continuem tão altos. Cabe a nós a conscientização e, mais do que isso, a imposição em nosso trabalho por saúde e segurança.

É preciso criar uma cultura de Segurança do Trabalho no Brasil. Os número são alarmantes e, somente por meio da educação e conscientização é que podemos reverter esse cenário. Os profissionais de SST são atores principais nessa jornada.

 

Facebook
Twitter
Email

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esteja antenado às novidades do SST

Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade

Nossos Cursos

Treinamento Prático Desafio GRO e PGR

Um acompanhamento passo a passo para você analisar o extrato do FAP, identificar divergências e contestar o FAP 2022 de forma segura, correta e dentro do prazo

Curso Prático de Contestação do FAP

Um acompanhamento passo a passo para você analisar o extrato do FAP, identificar divergências e contestar o FAP 2022 de forma segura, correta e dentro do prazo